1
Aproximo-me de
um lago com a intenção de lhe atirar uma pedra.
Existem imensos seixos nas margens desse lago
cujo tom azul-escuro sugere águas frias e profundas.Agarro num deles. Nesse sonho demorei uma imensidão de tempo a escolhê-lo não sei porquê.
Estive um tempo inusitado a sopesá-lo na mão, rolando-o entre o olhar e os dedos.
2
Quando o
atirei, primeiro ouviu-se o tradicional pouuf da queda na água. O que mais estranhei foi não ter causado a mínima ondulação, seguido do desaparecimento de qualquer impacto. Pura e simplesmente os sons desapareceram.
Esse desaparecimento, que não tinha nada a ver com a surdez, resgatou-me de um cansaço imenso.
Durante os breves instantes que durou esse momento ,percebi perfeitamente as pessoas cujo alimento é o silêncio.
3
Gostava de ir andando
até me deixar tapar por um lago de silêncio, pensei.
4
Os sons
normalmente maçam-me.
Abro uma
exceção para um som que me transporta para as tonalidades da esperança.
Refiro-me à flauta dos amola-tesouras. É um som que já ouvia desde a infância. Tornou-se
raro e permanece antigo. Dizem que adivinha a chuva, o que o torna familiar e
suportável. Não seria por sua causa que o meu lago de silêncio secava.
De travo alho surreal,
ResponderEliminarbem engendrado, no seu mistério!
Saudações poéticas!
Um texto maravilhoso.Também gosto de me alimentar do silêncio. Também gosto de ouvir a flauta do amola-tesouras que ainda passa na minha rua...
ResponderEliminarGostei do muro branco com sombras...
Um abraço.
Saudações, meu caro poeta.
ResponderEliminarObrigado, Graça. Um abraço.
Até as sombras parecem estar cansadas e a descansar no meio deste belo silêncio de paisagem.
ResponderEliminarÉ verdade. Até as sombras parecem descansar...
ResponderEliminar:)
Sombra loca, hija de sí misma, sombra sin asombro, causante de la luz
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarUma sombra de sombra...