pintura de Sophie Matisse
Velasquez
fez-se representar a si próprio, segundo se crê, pintando os reis de Espanha e
as infantas e aias que o terão infernizado mais do que uma clássica sessão de pintura
tolera.
Sophie
Matisse fez o favor de os fazer desaparecer a todos de cena.
Imagino cada um entregue às tarefas que a
libertação da pose lhes permitiu.
Uma vez, noutro contexto, li uma observação de
Walter Benjamin referindo-se ao facto de, nas fotografias antigas, aqueles que
posavam entrarem dentro das imagens devido à rigidez da postura e ao tempo da
imobilidade da pose.
Aqui
é precisamente o oposto. Sophie não os liberta, porque o peso da história os recolocará no seu
lugar. O que Sophie faz é libertar-me a mim que passo a vida a olhar para esta pintura,
e deixar-me um som que consiste basicamente em ouvir o eco dos meus próprios
passos a cirandar pela galeria deserta.
Este
texto é dedicado a Daniel Rodriguez, filósofo argentino cujas observações em
relação a algumas das minhas fotografias me têm obrigado a pensar. Obrigado.
Velazquez metafísico. O de la repetición del mundo con leves y racionales variaciones.
ResponderEliminarun abrazo
Daniel,
ResponderEliminarAcrescentei na própria postagem um pequeno texto que é uma resposta e um agradecimento.
:)