20130208

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pintura de Sophie Matisse



Velasquez fez-se representar a si próprio, segundo se crê, pintando os reis de Espanha e as infantas e aias que o terão infernizado mais do que uma clássica sessão de pintura tolera.
Sophie Matisse fez o favor de os fazer desaparecer a todos de cena.
 Imagino cada um entregue às tarefas que a libertação da pose lhes permitiu.
 Uma vez, noutro contexto, li uma observação de Walter Benjamin referindo-se ao facto de, nas fotografias antigas, aqueles que posavam entrarem dentro das imagens devido à rigidez da postura e ao tempo da imobilidade da pose.
Aqui é precisamente o oposto. Sophie não os liberta, porque  o peso da história os recolocará no seu lugar. O que Sophie faz é libertar-me a mim que passo a vida a olhar para esta pintura, e deixar-me um som que consiste basicamente em ouvir o eco dos meus próprios passos a cirandar pela galeria deserta.

Este texto é dedicado a Daniel Rodriguez, filósofo argentino cujas observações em relação a algumas das minhas fotografias me têm obrigado a pensar. Obrigado.


2 comentários:

  1. Velazquez metafísico. O de la repetición del mundo con leves y racionales variaciones.
    un abrazo

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  2. Daniel,
    Acrescentei na própria postagem um pequeno texto que é uma resposta e um agradecimento.
    :)

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