Essas estátuas sem cabeça, sem braços,
esses troncos existindo só por si não exercem especial fascínio sobre uma
quantidade considerável de indivíduos que visitam em geral os museus e, mais
raramente, as ruínas. Pelo contrário, essa mutilação impede-os de ver. Creio
não exagerar se disser que constituem a maioria.
Que nos faz então – incluo-me
nesse número – permanecer fascinados face a um torso quebrado de um qualquer
atleta clássico desconhecido, contemplar sem fadiga essas obras, em certa
medida privadas de ser, de sentido?
Por uma curiosa simbiose, somos
de certa forma semelhantes a essas estátuas abandonadas pelos deuses. É de
facto o seu destino aquilo que melhor entendemos e sentimos.
De algum modo elas são à sua
maneira uma espécie de espelhos. Para a maioria, contudo, elas não refletem
imagem alguma. São apenas estátuas partidas.
(excerto de texto antigo, sem alterações)
O olhar do fotógrafo a conseguir imaginar qualquer enredo...
ResponderEliminarUm beijo.
Obrigado, Graça.
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