Atraem-me as vertigens.
Descobri isso de uma forma estranha, a ouvir Erik Satie.
Sempre me intrigou o efeito que as suas Gymnopédies exerciam sobre mim.
Aquela calma tinha qualquer coisa da calma das falésias. Conheço-lhes
os efeitos intrigantes, as seduções hipnóticas, os resultados.
Não gosto de vento mas aprecio uma boa tempestade. Na costa vicentina
esta aparente contradição acontece com frequência.
A primeira vez que ouvi Erik Satie foi num sítio assim, dentro de um
carro. Andei perto de oitenta quilómetros após um jantar para ouvir as
Gymnopédies no meio de um tempo que, de acordo com as previsões, assegurava vendaval.
Acho que nunca cheguei a ir embora nem nunca me apeteceu sair dessa
pintura de Turner com óleos a cheirar a maresia e a esteva. Erik Satie ouvido
através de uma pintura de Turner com um cheiro de vagas marítimas e esteva.
Um amigo ,que faz o favor de me aturar os entusiasmos e os exageros,
disse-me uma vez com um prazer imenso “fogo, já ouvi falar de tipos que
ganharam uma estrela ( no Michelin) por muito menos.”
Como en ajedrez, ?!, doble filo, el vértigo de jugar por fuera de lo conocido...
ResponderEliminarsoubesse eu fotografar letras e livros e, palavras, e não sei se continuaria assim a disparar sobre tudo o que mexe, à espera de contar as histórias que as imagens contam, a iludir-me...
ResponderEliminarseria tão melhor fotógrafo se soubesse contar histórias só com palavras...
enfim.
(este é um sítio em que entro sempre com medo de desafinar a voz trejeitos histriónicos, como quando a voz nos sobe uma oitava numa catedral)
abraço
Bela ideia: Um teclado e o seu reflexo - Verdadeiramente inspiracional.
ResponderEliminarGracias, hombres!
ResponderEliminar:)