20110516

Alentejo 16, quase 17

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Olho para o branco e é como um estampido. O som de um disparo mas como se durasse uma tarde e um dia. Treinos para o calor, dizes-me, e não sorris. É muito provável que tenhamos pensado ao mesmo tempo naquela vez em que jurámos, para além do amor, concentração absoluta. Tratava-se de surpreender o momento exacto em que o muro de som das cigarras se cala. Descobrir se isso tinha a ver com o fresco ou com o escuro ou com a distracção. Descobri que tem a ver com o esquecimento porque nunca conseguimos ouvir o exacto momento em que termina e com a distância nunca mais voltámos a pensar nisso.

(Para a margaridaa do gnomon.nobolso.net , a quem prometi a mim mesmo oferecer o próximo texto que escrevesse, e este só tem minutos.Para a Anabela Amaral também,por gostar do que escrevo. A fotografia é um pouco mais antiga, mas não muito.)

4 comentários:

  1. quase às 17, é uma hora em que as sombras se estendem e o calor recua meio grau ou assim, no verão claro, e as pessoas, onde ainda há pessoas, podem finalmente respirar,
    esse ar perfumado com o som das cigarras que só o voo dos pássaros agita
    (à noite são os grilos, a roçar o mato com as asas metálicas e a aumentar o risco dos incêndios)
    ...

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  2. Obrigada Ze...sabes que é verdade. Adoro as tuas fotos mas a tua escrita ...essa tua escrita
    tem uma força que nos agarra e nos arrasta para onde tu queres. Quando acabamos de ler sentimo-nos sempre um pouco inebriados.
    Que bom!

    Obrigada...adorei

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  3. Caro JMV
    Mais uma vez, gosto, gosto muito muito. Só tenho pena de o texto só durar minutos. Vontade de mais. (É assim, somos uns eternos insatisfeitos... :D )
    Obrigada.

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  4. Belo texto e fotografias para o nosso belo Alentejo

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