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A cal não tem cor. É luz fóssil aprisionada numa concha imaginária. Cresce com o tempo, como uma espécie de pele das casas, camada sobre camada.
Tento captar a sua respiração antiga, o sal que lhe nasce por baixo como se aí existisse uma praia. Decoro-lhe as formas como quem memoriza uma palavra caída em desuso ou um mapa, a forma como se arredonda como um seixo na curva entre o corredor e a escada.
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Gosto! os dois planos parecem flutuar e trocar os papéis.
ResponderEliminarExcelente composição visual e poética, atrás das palavras.
ResponderEliminara cal tem toda a cor do mundo!!! (sou do contra,eheh) basta olhar para esta foto! dois planos maravilhosos :)
ResponderEliminarDevaneio em branco :)...
ResponderEliminarBranco... traz-me cal e naftalina. A naftalina evapora-se ao contacto com o ar. Ao invés, a cal, camada sobre camada, como escamas que as mulheres alentejanas sobrepõem no cuidado das suas paredes, faz com que as esquinas percam os contornos iniciais e surjam sob nova aparência.
E ai, quando aprisionado sob camadas várias, no seu interior, o branco não tem de facto cor. Já quando exposto à luz, a sua última pele ganha toda essa luminosidade vibrante.
:)
Registo...
ResponderEliminaro belo registo da luz e da sombra!
Saudações poéticas