20140607

O mar


Fixo-me num ponto. Esse ponto pode estar numa parede, ou no mar. Se for numa parede é como se entrasse num labirinto de Proust, mas acho que é no mar. Convém-me o mar. Um dos livros que mais me marcou chama-se precisamente “O Mar”. Existem outros que, não obedecendo a essa designação, deixaram dentro de mim esse espaço. O marinheiro de Gibraltar e os cavalos de Tarquínia encontram-se nesse caso.

A realidade é que nunca me afasto do mar. Desconhecia que género de maldição esse afastamento podia implicar. Imaginei poder suprir essa ausência com leituras. Coitada da Sophia, nunca poderia ter imaginado que um pobre tipo  qualquer ia levar livros seus e lê-los em absoluto silêncio em pleno Alentejo convencido, mais por presunção poética do que por experiências feitas, que o resultado ia ser igual.

Se eu disser deserto tenho obrigação de saber que é uma coisa que não cabe nem nos meus passeios habituais nem no meu quintal. Se disser mar tem que ser uma coisa que me deixe o peito cheio de liberdade. Esqueci-me que nisso não transigia, não era capaz.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita.
As suas palavras são importantes.