Fixo-me num ponto. Esse ponto
pode estar numa parede, ou no mar. Se for numa parede é como se entrasse num
labirinto de Proust, mas acho que é no mar. Convém-me o mar. Um dos livros que
mais me marcou chama-se precisamente “O Mar”. Existem outros que, não
obedecendo a essa designação, deixaram dentro de mim esse espaço. O marinheiro
de Gibraltar e os cavalos de Tarquínia encontram-se nesse caso.
A realidade é que nunca me afasto
do mar. Desconhecia que género de maldição esse afastamento podia implicar.
Imaginei poder suprir essa ausência com leituras. Coitada da Sophia, nunca
poderia ter imaginado que um pobre tipo qualquer ia levar livros
seus e lê-los em absoluto silêncio em pleno Alentejo convencido, mais por
presunção poética do que por experiências feitas, que o resultado ia ser igual.
Se eu disser deserto tenho
obrigação de saber que é uma coisa que não cabe nem nos meus passeios habituais
nem no meu quintal. Se disser mar tem que ser uma coisa que me deixe o peito
cheio de liberdade. Esqueci-me que nisso não transigia, não era capaz.
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